Pesquisa: 19,6 milhões de consumidores comprarão presentes de última hora
Estudo da SPC Brasil e CNDL mostrou que pressa, aglomeração e falta de planejamento podem trazer prejuízo para quem vai comprar presentes em cima da hora
Publicado em 21.12.2015 em Notícias
Com a proximidade de Natal, comemorado na próxima semana, alguns brasileiros não perdem o velho costume de deixar tudo para a última hora. Um levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revelou que 19,6 milhões de pessoas pretendem comprar os presentes apenas uma semana antes do Natal, o que corresponde a 14,3% de consumidores que têm a intenção de presentear alguém neste fim de ano. A pesquisa também mostrou que apenas 4,3% dos entrevistados vão adiar as compras natalinas, preferindo aproveitar as liquidações de início de ano.
O SPC Brasil entrevistou 601 consumidores de ambos os sexos e de todas as idades e classes sociais nas 27 capitais brasileiras e no interior. A margem de erro é de no máximo 3,7 pontos percentuais para um intervalo de confiança a 95%. O objetivo da pesquisa foi avaliar a intenção de compras no Natal de 2015.
Neste ano, por causa da crise econômica e do aumento do desemprego, o gasto médio do presente de Natal diminuiu de R$ 125,22 em 2014 para R$ 106,94 em 2015, o que representa uma queda de 22% já descontada a inflação acumulada no período. Ainda assim, mais da metade (53,2%) dos entrevistados disseram ter a expectativa de ganhar presentes neste Natal. Os itens mais desejados são roupas (63,9%), calçados (41,0%), perfumes e cosméticos (39,1%), acessórios, como bolsas, cintos e bijuterias (25,3%), celulares (21,9%) e livros (21,3%).
Eu mereço
A pesquisa mostra ainda que os brasileiros também tem intenção de comprar algo para si mesmo. Segundo a pesquisa, 63,0% dos entrevistados pretendem comprar presentes para si neste Natal. Entre as principais razões, estão o sentimento de merecimento (50,5%) e a oportunidade de comprarem algo que estão precisando (37,3%). Entre os entrevistados que não pretendem comprar presentes para si (21,4%), as questões relacionadas à falta de dinheiro (11,1%) e incertezas com relação ao próximo ano (10,1%) chamam a atenção.
De acordo com a pesquisa, cada entrevistado deve comprar, em média, dois presentes para si, sem variação significativa entre as classes sociais. Em relação ao valor médio gasto esses presentes, houve um aumento significativo, passando de R$ 130,34 no ano passado para R$ 172,96, ou seja, um aumento de 21,19%, levando em conta a inflação do período. Esse valor é superior ao valor pretendido para o presente de outras pessoas, que é de R$ 106,94. 55% dos entrevistados ainda não sabem quanto irão gastar com presentes para si mesmos.
A lista de produtos que os entrevistados pretendem comprar para si são semelhantes aos que elas desejam receber de outras pessoas e apresentam percentuais parecidos com os do ano passado: roupas (60,6%), calçados (46,1%) e perfumes (20,2%). Apenas acessórios, celulares, viagens e tablets apresentaram queda significativa quando comparados a 2014. Para os especialistas do SPC Brasil, o fato desses itens mais caros terem sido menos citados neste ano pode estar relacionado à crise econômica e à cautela do brasileiro em gastar neste Natal.
Segundo o educador financeiro do portal “Meu Bolso Feliz”, José Vignoli, esse comportamento reflete a necessidade de uma auto-recompensa como uma forma de valorizar o esforço feito ao longo do ano. "O Natal oferece às pessoas uma ocasião perfeita para a auto-gratificação, uma forma de recompensa pelas duras jornadas de trabalho e pelas dificuldades enfrentadas ao longo do ano. "Como tivemos um 2015 de crise econômica e de bolso mais vazio para grande parte dos brasileiros, muitos consumidores que não puderam gastar ao longo do ano vão se permitir um agrado a si próprio neste Natal", afirma Vignoli.
Última hora
Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, deixar as compras natalinas para a última hora não é uma escolha acertada para quem pretende economizar com esse tipo de gasto, principalmente, em tempos de crise como o atual. "Muitos consumidores deixam para comprar os presentes nesta semana por causa do recebimento da segunda parcela do 13º salário. Mas se o consumidor deixa para comprar muito em cima da hora, acaba não tendo tempo para pesquisar preços e, consequentemente, gasta mais. Sem mencionar o risco dele não encontrar o produto desejado e ter que optar por algo mais caro, comprometendo o orçamento", explica a economista.
Para o José Vignoli, a pressa é inimiga do planejamento. Ele alerta que na correria para garantir todos os itens da lista e não deixar ninguém sem presente, o consumidor acaba dando menos importância aos detalhes, cedendo às compras impulsivas. "Há ainda o estresse ocasionado pelas longas filas nos caixas e pela dificuldade para encontrar vaga nos estacionamentos sempre lotados", adverte o educador. O ideal, segundo Vignoli, é fazer uma lista de todos os presenteados, definir o quanto se pode gastar e levar o dinheiro contado. Dessa forma, não há perigo de exceder o valor previsto com a compra de outros presentes.
Orçamento
A economista Marcela Kawauti lembra que após os gastos com as festas de fim de ano, os consumidores têm de arcar com uma série de compromissos sazonais que pressionam o orçamento doméstico, como IPTU, IPVA, matrículas escolares, etc.
"Uma dívida feita sem planejamento e parcelada em muitas vezes pode comprometer o orçamento por vários meses. O efeito imediato das compras impulsivas e não planejadas no período natalino é a inadimplência, pois somente depois que as contas de início de ano chegarem é que o consumidor vai se dar conta de que o salário não será suficiente para cobrir a soma de todas as parcelas dos presentes comprados", alerta.
Com informações do SPC Brasil e da CNDL
Fonte: www.diariodepernambuco.com.br
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