Brasileiro leva nota 6 em educação financeira
O comportamento financeiro por aqui não varia de acordo com a classe social, apontou a pesquisa da Serasa
Publicado em 09.01.2014 em Notícias
Um aluno regular. Essa seria a avaliação recebida pelos brasileiros numa prova de finanças pessoais. A Serasa Experian lançou o Indicador de Educação Financeira do Consumidor, iniciativa inédita no país para medir o grau de compreensão dos consumidores sobre suas finanças. O resultado? Nota 6. E não pense que os brasileiros com renda mais alta se saíram melhor no teste. O comportamento financeiro por aqui não varia de acordo com a classe social, apontou a pesquisa da Serasa.
O indicador criado pela empresa, a ser divulgado uma vez por ano, levou em consideração três aspectos: conhecimento (domínio de conceitos como inflação e juros), atitude (o que se pensa que deve ser feito em relação às finanças pessoais) e comportamento do brasileiro (o que de fato se faz com o dinheiro recebido). O 6 recebido pelos brasileiros foi fruto de um 6,3 no critério de atitude (24% da nota), 7,5 em conhecimento (26%) e 5,2 em comportamento (50%). No quesito comportamento, consumidores que ganham mais de dez salários mínimos por mês receberam nota 5,1, enquanto aqueles com até um salário mínimo foram avaliados com 5, um empate técnico.
A nota geral do nível de educação financeira, no entanto, varia, sim, segundo a classe social. Os brasileiros com renda de até um salário mínimo ficam com nota 5,9, enquanto aqueles com mais de dez salários mínimos, com 6,5. Ou seja, ter mais dinheiro até leva a um nível maior de conhecimento financeiro e a uma maneira mais saudável de enxergar a relação com as finanças. Porém, na vida cotidiana, vale mais do que nunca no Brasil a brincadeira: na prática a teoria é outra.
“O brasileiro tem um conhecimento razoável de finanças. O indicador mostra que ele entende noções básicas de inflação, juros e consegue avaliar a relação risco/retorno. Ele também sabe mais ou menos como deveria cuidar do dinheiro. O que derruba a nota é o comportamento, o que de fato ele faz com o dinheiro. Há muito o que melhorar ainda”, afirma Luiz Rabi, gerente de indicadores de mercado da Serasa Experian.
Alguns números levantados pela pesquisa são assustadores: 49% dos entrevistados disseram gastar mais do que ganham. Outros 48% revelaram não contribuir com qualquer tipo de previdência, seja pública ou privada. Dos inadimplentes, apenas 8% afirmaram ter feito corte de gastos para arcar com suas dívidas.
Para Rabi, a expansão recente do crédito na economia brasileira ajuda explicar a nota baixa em comportamento. Antes de difícil acesso, a tomada de financiamentos ainda seria uma novidade para muitos consumidores, que estariam aprendendo a lidar com a nova realidade. Outro motivo apontado pelo executivo são os gastos não planejados. Cerca de 30% dos brasileiros afirmaram fazer compras por impulso.
Educação formal e gênero
Além da renda, o nível de educação formal também influencia na nota do indicador de educação financeira. Os brasileiros que não freqüentaram a escola tiraram um 5,6, segundo o levantamento. Já aqueles com grau superior completo registraram um 6,4.
Alvo constante de brincadeiras, os hábitos financeiros das mulheres não deveriam ser motivo de gozação. Os brasileiros e brasileiras empatam com notas 6,1 e 6, respectivamente, quando o assunto é educação financeira. Os homens, é verdade, têm uma nota um pouco mais alta no quesito conhecimento – 7,7 versus 7,3 -, porém, na prática, ambos tiram 5,2 no quesito comportamento. Ou seja, o maior conhecimento masculino não leva a melhores decisões financeiras.
O levantamento realizado pela Serasa mostra também que os brasileiros tendem a ter um melhor índice de educação financeira, quanto mais pessoas da família estiverem envolvidas nas decisões envolvendo suas finanças. A nota de quem toma as decisões sozinho é de 6,1, com algum outro membro da família, de 6,3. Quem não toma as decisões por si mesmo e as delega a outros tem nota bem menor, de 5,6.
Para a elaboração do novo indicador, foram entrevistados 2.002 brasileiros maiores de 16 anos, em 142 cidades de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal, incluindo capitais, periferia e interior. A pesquisa foi realizada no primeiro trimestre de 2013.
Fonte: Veja Economia
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