Altíssima complexidade e poder de transformação - Uma conversa com especialistas do BC sobre a Gestão Estratégica de Tecnologia do Pix
Como foi o processo de construção e arquitetura do novo sistema de pagamentos instantâneos? Como os setores envolvidos no projeto atuaram para garantir os elevados requisitos de performance?
Publicado em 08.10.2020 em Notícias
16 de novembro. Essa é a data que marcará o “antes e depois” do sistema financeiro do Brasil (e do mundo). O Pix está chegando para revolucionar as transições e potencializar a criatividade do mercado em criar novas soluções e procedimentos.
No último LIFTtalks, o Líder de Inovação da Fenasbac, Rodrigoh Henriques, conversou com os chefes do Departamento de Tecnologia da Informação do Banco Central, time que atua na linha de frente da Gestão Estratégica de Tecnologia do Pix. Haroldo Jayme, Flavia Correia, Caio Fernandes, Claudio Sant'Ana e Eduardo Weller, compartilharam durante a conversa quais foram os desafios enfrentados desde o início do escopo, no que diz respeito à tecnologia. Assista à live clicando aqui.
Já de início, Haroldo Jaime explicou que o processo de planejamento exigia um alto nível de criticidade. “Nós todos somos da área da TI e nosso foco é gestão estratégica de tecnologia. O projeto como todo engloba mais que a tecnologia, envolve outros setores do Banco Central, mas falando da nossa área, certamente, o Pix é o maior desafio que estamos enfrentando aqui no DEINF*.”
“Além da construção específica dos dois principais sistemas que compõem o Pix, que são o SPI e o DICT, foi necessário também a formulação de toda uma arquitetura e infraestrutura tecnológica específicas para suportar essa operação muito característica do sistema, com altíssimo valor de transações por segundo, alta segurança e resiliência, que funciona 24h por dia, todos os dias da semana, sem parada para manutenção. As mexidas e manutenções são feitas, literalmente, com “avião voando”.” Haroldo Jayme
*DEINF: Departamento de Tecnologia da Informação.
Olhando para dentro
Para lançar o Pix, de acordo com os convidados do LIFTtalks, o Banco Central estudou profundamente serviços e soluções internas e externas. Foram feitos profundos e extensos benchmarkings, visitas técnicas internacionais, reavaliação de soluções e serviços do BC, entre outras práticas. “A gente precisou estruturar oito frentes paralelas de trabalho, por conta dessas especializações e partes distintas do projeto. Apesar de distintas, essas frentes precisavam trabalhar em completa harmonia e de forma integrada.”
“Um dos benchmarkings que a gente fez foi com o próprio Banco Central. De fato, a gente foi buscar nos nossos projetos as fortalezas e eventuais pontos de melhoria. Especificamente na minha área, da parte de arquitetura e mensageria, a gente usou a lógica de que se alguns pontos do SPB* funcionam assim, agora vão funcionar de uma forma diferente, vamos buscar uma solução prática e econômica para isso. Alguma tecnologia que não existia em 2002, nós passamos a avaliar agora em 2019, 2020. O SPB é continua sendo muito importante para o que a gente está construindo hoje no ponto de vista da tecnologia da informação.” Eduardo Weller.
*SPB: Sistema de Pagamentos Brasileiro
Gestão Estratégica
Para qualquer organização, uma boa gestão estratégica exige muito planejamento e estudo, conhecimento de mercado, de clientes, de produto, de ambiente interno e externo, os pontos fortes e fracos. Imagina o quão desafiador é quando se trata de sistema financeiro e órgão regulador?
Flavia Correia contextualizou como foi a preparação para escolher as equipes que trabalhariam no desenvolvimento do Pix: “A gente tem um grande desafio na área de tecnologia que é: parece que as nossas demandas sempre são maiores do que a nossa capacidade de atendimento. Por que isso é relevante? Porque nós não tínhamos disponível, de cara, uma equipe para encampar um projeto como esse, uma iniciativa tão ousada. Disso, tiramos outro aprendizado: projetos estratégicos precisam de orçamento, times adequados e dedicados. Quando olhamos para o nosso departamento, pensamos: vamos fazer uma seleção, com concorrência, pois precisamos de pessoas motivadas.”
“Muito recentemente a gente fez uma modernização do SPB. Nessa modernização, a escolha foi uma plataforma completamente nova, nada que do que adotávamos aqui no banco. Montamos uma plataforma nova e, após a entrada e produção dessa modernização, a gente percebeu o quão acertada foi essa decisão. A gente conseguiu escalar a capacidade com um custo bem abaixo do sistema anterior. Esse foi um importante benchmarking feito internamente com projetos de modernização.” Caio Moreira.
Área de TI e Negócios
“O grande diferencial de um projeto estratégico é que nós como área de TI precisamos reconhecer a estratégia da organização. Então, no nosso caso, nós tínhamos um presidente do banco comunicando a entrega de um meio de pagamento e transferências mais seguro, competitivo, rápido. Então, nós como área de TI, tínhamos que entender essa estratégia e nos envolver. A parceria com a área de negócios foi fundamental e eles nos envolveram desde do começo, nas primeiras decisões.” Flavia Correia.
“A área de negócios fez um trabalho muito bem feito de prospecção e pesquisa. As nossas áreas estabeleceram uma parceria muito estreita, muito detalhada, com direcionamento muito seguro.” Eduardo Weller.
Durante a conversa, os especialistas não pouparam elogios a toda equipe técnica envolvida nas etapas do processo de desenvolvimento e implementação do Pix. “Foi um trabalho muito bonito e eu queria ressaltar a capacidade dos técnicos envolvidos, dos servidores e terceiros, dos colaboradores e parceria com o mercado. Foi um trabalho de muita autonomia e excelência.” Eduardo Weller.
Alta performance, alta disponibilidade e alto volume
Rodrigoh Henriques questionou o time sobre quais foram os maiores desafios para trazer um sistema desse nível para o mercado e o que a pandemia alterou na execução do projeto. Caio Moreira destacou alguns pontos:
“A parte de segurança foi muito desafiadora. Realizamos fóruns, montamos grupos de pesquisa e desenvolvimento, incorporamos mecanismos anti fraudes, fizemos uma arquitetura completamente nova para implantar, orquestrar e integrar todos os componentes de uma forma coesa com o time de desenvolvimento. Foi um desafio gigante, fantástico, lidamos com muito trabalho em conjunto. Em relação à pandemia, a adoção do teletrabalho Pix não teve um impacto significativo no projeto. Nossas equipes se saíram muito bem.”
Contratação e escolha de fornecedores
Houve um processo de articulação entre as áreas para entender as frentes de aquisição de produtos e serviços para desenvolver o Pix. O que era necessário, qual velocidade dos processos, gerenciamento de risco, alternativas e planos B para não atrasar a construção do produto. Claudio Sant'Ana explicou como foi feito a aquisição de tecnologias e serviços para atender as demandas:
“A gente tinha um desafio imenso de performance e disponibilidade. Pra gente chegar nisso, incorporamos uma série de novas tecnologias ao ambiente do Banco Central. A gente abriu várias frentes de trabalho de aquisição de produtos e serviços. Todas essas frentes seguiram as normas e arcabouços legais e normativos de compras e licitações do governo federal, que hoje é baseado nos pregões eletrônicos.”
O Pix já é um case internacional, em decorrência de um trabalho muito bem feito. Os especialistas envolvidos reconhecem todo esforço, envolvimento e entrega das equipes técnicas do Banco Central para construir um dos melhores serviços de pagamento instantâneos do mundo.
Assista à live completa!
LIFT Talks - Pix Gestão Estratégica de Tecnologia
O LIFTtalks é produzido pela Fenasbac com o apoio do Banco Central, que também coordena o ecossistema LIFT.
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